domingo, 20 de dezembro de 2009

Sobre 2009...

Bem, depois de refletir um pouquinho sobre o ano que tive, resolvi fazer esta lista resumida de observações, que sem dúvidas servirá de reconhecimento a tudo que passou diante dos olhos e que, por alguma razão, me marcou...

A saber:

Melhor filme: Bastardos Inglórios.

Melhor música: Martelo Bigorna – Lenine.

Melhor show: Skank.

Melhor ensinamento: Fazer o que é justo e não esperar que façam o mesmo com você. O retorno sempre virá de onde menos se espera.

Melhor companhia (a mais presente): Íris. Entre momentos difíceis, surtos de demência conjunta, ou apenas para mostrar o emoticon insano novo...

Melhor surpresa: ter reencontrado um antigo amigo muito querido.

Melhor notícia: meu Vascão voltou à primeira divisão!

Melhor conquista: estar em paz e ter a paciência e serenidade necessárias para reproduzi-la.

Melhor lugar: Pão-de-açúcar.

Melhor encontro: todas as reuniões dos meus amigos cturianos, que são os melhores.

(...)

Enfim, foi um ano muito intenso. Adorei conhecer pessoalmente muita gente que desejava conhecer há anos e algumas outras que nem esperava. Passei, também, a me conhecer mais. Procurei reativar relações importantes e manter as vigentes (nem sempre tive sucesso, mas a intenção é fundamental). Consegui, finalmente, ter em mãos o meu diploma. Fui infeliz em algumas atitudes e feliz em outras. Encontrei o equilíbrio e agora posso dizer que estou pronta. Embora em constante evolução e longe de ser uma “criatura” acabada, sou um protótipo mais próximo da realidade de minhas convicções. E, que venha 2010! Geralmente, anos pares me reservam mais impulsividade do que reflexão. Não prefiro uma coisa nem outra. As duas são extremamente importantes na hora do saldo final...

“Porque muito pra mim é tão pouco
E pouco é um pouco demais...” (Moska)

Ana C. P. Santos

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

"Não sei se quero ver, vender ou vendar..."

Hoje resolvi falar de uma virtude humana quase obsoleta, guardada a sete chaves no interior do caráter da grande maioria, que só tem dado o ar da graça ao ilustrar discursos demagogos ou quando sentimos na pele o pesar da mão de sua falta. Estou falando da justiça.

Entretanto, não quero, aqui, me ater à justiça material, ou seja, àquela desmembrada em leis, regulamentos e demais disposições normativas acerca da conduta humana. Falo da coisa tácita, informal, precisamente do senso de razoabilidade entre as pessoas. Senso este, que está entranhado na nossa maneira de agir desde o início dos tempos e, portanto, muito mais senil do que qualquer tinta sobre o papel que o ratifique ou contrarie.

Entre os significados da palavra “justiça”, contidos num dicionário de Língua de Portuguesa qualquer, tem-se a seguinte sentença : “faculdade de julgar com eqüidade”. Mas, será que isso realmente se aplica? Vamos testar: qual foi a última vez que você foi injusto? Difícil responder? Agora descreva a última injustiça que lhe cometeram? Ficou mais fácil, não é? De repente dá até para detalhar. Pois, é. O significado já começa a caducar daí. Damos muito mais relevância ao que fazem conosco do que ao que fazemos. Ora, uma vez que são atribuídos pesos diferentes às ações dos outros e às nossas, não há o que se falar sobre capacidade de julgamento eqüitativo quando acumulamos as funções de partícipe e juiz numa mesma situação. Tampouco se consegue isto sob a alegação de neutralidade diante de partes distintas, pois, como seres imperfeitos que somos, certamente apreciaremos mais uma informação do que outra. Devemos ter em mente que por maior que seja o objetivo da imparcialidade, sua totalidade nunca deixará de ser utópica.

Bem, e porque o conceito está em desacordo com a realidade, devemos anarquizar? Não, muito pelo contrário. De fato, a tendência é desistir do que se apresenta inatingível. Só que, neste caso, ao desistir de algo que jamais conseguiremos, implica a desistência concomitante da razoabilidade para se viver bem em sociedade. O critério do senso justo deve ser o primeiro e o último adotado nas diversas decisões que tomamos e na maneira que nos portamos quando acionados. A busca pela justiça deve ser estimulada a cada segundo. Não se deve abrir mão de se fazer justo o injusto. Se os efeitos de nossas ações não retroagem diante do erro, é não se acomodando que, pelo menos, eles serão castrados e não reproduzirão novas ações. Deixar que a ânsia pelo bom senso se torne recessiva entre nós é como um tumor que se propaga pelo organismo desordenadamente. E é o que muito vem acontecendo, lamentavelmente.

Nunca foi tão fácil condenar o outro, ainda que sem provas e sem direito a defesa, com a carruagem ainda em movimento e a bandeira do justo hasteada. Mas, para não perder o costume da comodidade, aconselham-se os lados a seguirem satisfeitos, com a própria justiça fatiada em duas partes supostamente iguais, ostentadas como troféu por cada qual, protocolando o conveniente, que nem sempre condiz ao verdadeiramente justo...

“Assim caminha a humanidade

Com passos de formiga

E sem vontade...” (Lulu Santos)


(*) O título corresponde a um trecho da música de Jay Vaquer "Me tira daqui".
Ana C. P. dos Santos